Diversidade Religiosa
Por Bianca Lee
Perfis
Aditya Deva (Nome espiritual)

Monge. Acredita no conceito do tantra yoga: união do próprio ser individual com o infinito através da expansão e libertação da mente. Aditya quer atingir o infinito a partir do que prática. A cada exercício, sua mente se expande em direção ao conhecimento da vida e ao seu autoconhecimento. Ele de braços abertos a todo tipo de opinião, entende que cada um tem a sua crença e que é preciso ter a diversidade de religiões. Assim, cada um opta por aquilo que o fizer feliz.
Eu tolero a intolerância [religiosa], pois respeito a forma de cada um pensar. Não concordo, por exemplo, com o Homem Bomba, mas eu respeito que essa é a forma dele pensar, pois entendo que na mente dele esse conjunto de ideias religiosas é a realidade. E se é real na mente dele então é real para ele. E está tudo certo, cada um no seu tempo, na sua realidade, buscando por caminhos diferentes chegar ao topo da montanha.
Essa intolerância instalada como uma crença limitadora na mentalidade mundial atual é para mim uma falta de informação do povo. Intolerância vem do medo, do ego e da falta de informação. Então intolerância religiosa, para mim, é algo do Ego, daquele que se mostra intolerante uma necessidade de se provar maior em sua face da verdade.
Além do óbvio, liberdade religiosa é a oportunidade de você questionar sua existência, o seu propósito de vida, a sua missão, os seus próprios e únicos valores, sua forma de pensar e sua liberdade de agir como sente que é para ser naquele momento.
A minha abordagem hoje é a do “experimente, teste em você mesmo, se isso faz sentido e é bom para você, então escolha praticar ou não isso”. A minha posição é sempre “se questione” e caminhe na direção que faz sentido para você.
Acho importante a existência delas [religiões]. Existe um ajuste na jornada individual de cada pessoa para a ferramenta certa, no tempo, lugar e pessoa certa. Talvez eu esteja no meio do mar e você dentro de um avião, cada um em seus processos mentais e existências únicos. Eu preciso de um barco e você de um paraquedas.
Para mim, a Religião de São Paulo é o Amor. O Amor gera união e acaba com a desigualdade, isso traz felicidade para todos. Todos buscando a paz eterna, todos buscando algo maior, algo divino, todos buscando algo que, na essência, é exatamente a mesma coisa.
Foto: Arquivo Pessoal

Mórmon. Jovem, mas com uma alma madura. Menina mulher fala de suas crenças com leveza e fidelidade aos ensinamentos. Há 7 anos ela faz parte da Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos Dias. Os mórmons se consideram cristãos, porque acreditam nas três divindades: Deus, Jesus Cristo e Espírito Santo. A diferença é o livro Mórmon, um outro testamento que relata o aparecimento de Jesus Cristo. Ele não só apareceu somente pela parte do Oriente Médio, mas também nas Américas.
A minha igreja é totalmente contra essa parte de intolerância. Nós somos ensinados a respeitar todas as religiões, independente se acredita ou não. Saber respeitar o diferente, porque se a gente é ensinada a amar o próximo, temos que amar independente do que a pessoa acredita ou não.
Eu acho que por ser uma religião diferente é comum das pessoas questionarem, muitas vezes estranharem. Por exemplo, na minha religião é ensinado, você não é obrigado a seguir, nós não bebemos, nós não fumamos, não usamos drogas. É ensinado isso, vai de a pessoa seguir ou não. Eu sigo isso. Além de ser uma coisa que ensina na igreja, é uma coisa que eu interiorizei.
Eu respeito todas as religiões, todas elas pregam coisas boas. Pregam amor ao próximo, pregam servir e respeitar. Respeitar quem tá ao seu lado. São Paulo é muito diversa, temos pessoas de vários países, pessoas de várias etnias. Por ser uma cidade diversa culturalmente, eu acho que não tem nenhum problema de ter essa diversidade religiosa. Eu acho que é importante, porque você aprende a respeitar a opinião dos outros.
Você sabe no que acredita. Mas que é muito importante você conhecer a opinião do outro e ver perspectivas diferentes. Quem sabe você gosta mais daquela religião do que daquela que você sempre foi ensinado. Então, essa diversidade religiosa é importante para você descobrir quem você é e fortalece o que você acredita, ou pode te influenciar para você acreditar em outras coisas.
Não sei se considero uma cidade católica, protestante, que é muito diversa mesmo. Mas eu vou mais para essa área que eu considero São Paulo uma cidade cristã.
Marina Cachoeira
Foto: Arquivo Pessoal
Fernando Berlezzi

Cristão. Ele é produtor, faz curtas metragens e programas educacionais. Seu cotidiano é uma correria, mas sempre sobra tempo para ler a bíblia. Berlezzi procura encontrar nas escrituras algo que ilumine seus caminhos. Por isso, ele segue os princípios religiosos para agregar valores e melhorar a sua vida pessoal. Um encontro da paz, do amor.
Eu me declaro um discípulo de cristo. Os pontos principais é Jesus, o Filho de Deus. Então, ele veio como enviado, morreu na cruz, ressuscitou e voltará. Ele deixou a Igreja para continuar sua missão.
[A tolerância] é fundamental. Primeira, antes de qualquer escolha de fé, de cosmovisão - vou usar essa palavra que é visão de mundo - nós somos seres humanos, eu acho que nós convivemos no mesmo espaço. Então, respeitar outras formas de crença é fundamental.
Eu acho que o ser humano, ele é livre para fazer suas escolhas. Eu não defendo a [outra] religião. Eu acredito nisso e ponto. Mas tenho amigos de outras [religiões]. A gente convive bem. Acho que não é um empecilho para se relacionar com outras pessoas que não sejam da sua religião.
Eu acho que o que faz uma pessoa ter uma religião, como alguém ser ateu em que fala “eu não acredito em nada”, ela tem essa necessidade natural de buscar algo maior, além do visível.
São Paulo é uma cidade cosmopolita, agrega povos de todos os lugares, mas ainda acho que é cristã.
Foto: Arquivo Pessoal

Ateu. Os 26 anos de um homem jovem com a alma madura. Um experimentador de coisas. Passou pelo catolicismo, fez batizado e primeira comunhão. Mas depois descobriu o mundo por fora daquela realidade que o foi apresentado quando jovem. Sua família é católica e tradicional. Porém, Pádua decidiu seguir o ateísmo, porque tinha uma razão: ser feliz com as suas escolhas.
Eu não julgo religião, até porque as pessoas que têm religião, elas têm uma história bem longa com a religião. Eu não julgo as pessoas pela religião. Eu acho que se existem 100 religiões e o ateísmo sendo uma, então, não existe uma receita para a felicidade. Se a religião faz a pessoa feliz, então, eu acho válido.
A minha cidade é a cidade da Chica da Silva. Tem uma história de uma igreja, eu não sei quando, mas é uma época em que negros não podiam passar por debaixo de torres de igreja. E essa igreja, em específico, ela tinha torre atrás. Porque foi uma igreja criada, construída para que a Chica da Silva pudesse frequentar. Isso me fez questionar muito, porque ela era negra, mas ela era negra igual todos os outros, e por que ela era diferente?
Outra é que eu sempre fui muito curioso. Eu lia muito sobre história da igreja e ainda está muito viva na história da humanidade. Foi uma realidade muito mais chocante e cruel do que é mostrado nos livros. Eu nunca me senti perdoado por confessar na igreja, e isso acho que já é um sinal de que eu não acreditava naquilo.
Eu acredito na reação e na forma de pensar das pessoas. Eu acho que o modo de agir, o modo de pensar é refletido naquelas experiências que elas tiveram, seja religiosa ou de modo de ser criado. Então, isso me fez ser bem cético e agnóstico. Eu sou uma pessoa muito positiva, eu trabalho muito duro para conseguir as minhas coisas e eu acho que essa é a minha religião.
Eu particularmente não julgo as pessoas por uma crença, religião, orientação sexual. Eu julgo as pessoas pelo modo com que elas se relacionam comigo, pelas experiências que eu tenho com as pessoas. Eu sou contra a qualquer tipo de intolerância. Eu acho que as pessoas têm as suas religiões, as suas crenças e todas vêm de experiências da região que elas nasceram, da família que elas tiveram e tudo isso tem que ser respeitado. Eu acho que respeito é uma palavra que eu usaria mais, particularmente.
Eu particularmente acredito no Estado Laico, eu acredito que todas as coisas devem ser feitas não refletidas em religiões, mas com aceitação às diferenças religiões, que eu acho uma coisa muito natural quando você tem uma cidade tão grande quanto São Paulo.
Aurélio Pádua
Foto: Arquivo Pessoal

Protestante. Monoteísta, crê na existência do eterno Deus, o responsável por criar tudo e todos. Acredita que uma religião imposta à alguém de nada adianta. Ela diz que o seu próprio Deus dá a liberdade aos fiéis de fazer suas próprias escolhas.
A intolerância religiosa é uma das provas que apontam a inércia evolutiva da humanidade em alguns temas. A intolerância é medieval e irracional. Todo homem tem o direito à liberdade de consciência e à religião. Este direito inclui a liberdade de manifestar essa crença particular ou publicamente. Ninguém tem o direito de desrespeitar a fé alheia.
No entanto, dentro desse assunto, também temos a intolerância dos religiosos sobre os incrédulos. Infelizmente, é bastante comum a imposição das crenças, das leis e costumes da religião sobre os não-religiosos.
Liberdade religiosa é a liberdade de pensamento e crença que todo ser humano tem por direito. O homem tem a possibilidade de crer e decidir em função de sua própria consciência.
Os cristãos que não compreendem esse direito podem ser comparados aos islâmicos radicais. Também podemos chamar de fascismo evangélico.
Um dos traços mais belos de São Paulo é o acolhimento para a diversidade. São Paulo é a mistura de todas as nações com os mais diferentes costumes, hábitos e religiões. Se a intolerância religiosa for acentuada em São Paulo, o que será das outras cidades brasileiras?
Apoio de forma absoluta o Estado Laico, pois entendo que todo ser humano tem o direito de crer e seguir qualquer religião. Eu gosto e penso ser saudável dialogar e refletir sobre as diversas religiões, sempre com o devido respeito. Apesar da raiz católica no país. São Paulo é a miscigenação de inúmeros povos com inúmeras religiões.
Mayra Saldanha Torres
Foto: Arquivo Pessoal

Espírita. Opinião formada, não se importa com o que os outros pensam a respeito de sua crença. Ela acredita em Deus. Natasha diz que tudo o que acontece na vida não é por acaso, todos passam por momentos bons e ruins.
Eu não gosto muito de falar sobre religião, pois cada pessoa tem um modo de pensar, ensinamentos diferentes. Mas, quando me perguntam qual é a minha religião e eu falo que sou “espírita”, as pessoas têm um olhar diferente, passam aquele ar de que faço maldade. Não é fácil se sentir assim, mas tenho plena consciência de que nunca quero fazer o mal para o próximo.
A minha opinião sobre os religiosos é que têm muitos que se sentem melhores em relação aos outros. E não é assim, ninguém é melhor do que ninguém, temos que aprender a respeitar a escolha do próximo, a viver em paz, amor, fazer o bem sem olhar a quem.
É importante essa diversidade de religiões, estilos de vidas, crenças, isso mostra realmente que ninguém é melhor que ninguém, somos todos diferentes, com gostos, pensamentos e escolhas distintas.
Natasha Scavone
A liberdade religiosa para mim é você ter liberdade para fazer determinada coisa com base a sua religião sem prejudicar e ofender aos que tem escolhas diferentes.
Não podemos designar somente uma religião que representa a cidade de São Paulo.