top of page

Diversidade e desigualdade como sinônimos

Por Leticia Riva

Desigualdade. Estado de coisas ou pessoas que não são iguais entre si, tornando-as diferente. Por ser um problema que atinge diferentes lugares, para ser estudada, ela é divida e classificada. Existe a desigualdade econômica (entre distribuição de renda); racial (entre raças: negro, branco, amarelo e pardo); regional (entre regiões, cidades e estado); e de gênero (entre sexos – homens e mulheres).

A avenida Paulista que é um dos maiores marcos de diversidade cultural da cidade de São Paulo e também onde há maior desigualdade social. Andar na rua e não ser abordado por algum morador de rua se tornou algo “natural”. A exclusão social faz com que o número de moradores de rua cresça cada vez mais. O fluxo intenso de desemprego, segundo o IBGE, foi de 11,3% no primeiro semestre de 2016. Uma das maiores taxas registradas desde 2012. A crise fez com que muitos trabalhadores que não tivessem as qualificações profissionais necessárias para o emprego fossem dispensados. Com a fraca inserção de novos empregos, tiveram que se adaptar com o novo sistema.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome (MDS), afirma que é inegável a quantidade de novos indivíduos que fazem das ruas uma nova moradia. O motivo não se dá só por conta do desemprego, mas por diversos fatores, como à ausência dos familiares, violência, perda de autoestima, alcoolismo, uso de drogas, doenças mentais sem ajuda profissional, entre outros.

Vinicius Amaral 21 anos, jornalista, vê que o problema social é a busca incessante do poder e aqueles que o regem exploram-no de forma errônea. “Acredito que a desigualdade seja uma das maiores consequências do sistema econômico vigente na maior parte do mundo. As diferenças em sua maioria, quando atribuídas à sociedade, são causadas justamente pelas competições geradas pela eterna busca do capital e da necessidade egocêntrica do poder”.

A rua por ser um lugar público acaba recebendo e abrigando essas pessoas. Todavia, Vinicius vê a rua da como um palco democrático. “Apesar de a desigualdade estar escancarada nela, quando se tem o mínimo de consciência política e social, você passa a enxergar que desde você até o mendigo, que representa a escória de uma sociedade, precisam por alguns minutos conviver naquele espaço em comum. A rua é de todos. É do artista, do trabalhador e do pobre que só tem ela como casa”.

O ser humano é falho e não vê que aquela pessoa não tem outra saída. Não estão nas ruas porque querem. Se estão lá é por algum motivo, ninguém dorme no chão, come os restos dos outros, pede dinheiro, e é humilhado por livre espontânea vontade. Por estarem constantemente e focados em seu próprio ego, acabam não olhando ao seu redor e notando a presença dessas pessoas. A correria do dia a dia faz com que olhem, mas não vejam. Não param para considerar o porquê dessa situação.

Não só os moradores de rua, mas também há artistas, músicos que mostram sua arte, porque lá é o palco. Lucas Souza, 21 anos, estudante vê que quando saímos as ruas, compartilhamos ideais com aqueles que são “diferentes” e afirma que “vivemos em um país culturalmente diverso e que de acordo com a Constituição Federal de 1988 tem os direitos democráticos resguardados. Nos dá uma noção assim de pluralidade e democracia, culminando numa positiva interação entre os cidadãos”.

Tal fato é visto constantemente nas manifestações. Por exemplo, diferentes pessoas de diversas classes, origens, gêneros estão em um mesmo local com apenas um foco. De mudarem aquilo pelo que estão lutando. Daniel Araujo, 33 anos, fotógrafo que sempre está presente em manifestações, afirma que vai para lutar por um mesmo ideal. “Não importa sua cor, sua origem, seu gênero. Sua presença está fortalecendo o movimento, você é apenas mais um em meio à massa”.

As mídias sociais e os meios de comunicação desmerecem as pessoas e não dão a importância que elas realmente necessitam. Há uma generalização e uma classificação daqueles que não se enquadram nos padrões da sociedade que está no poder. O morador de rua é um vagabundo. O manifestante não tem o que fazer e ao invés de trabalhar vai manifestar. A mulher que luta a favor de suas idéias deveria voltar pra casa e cuidar da família. Os gays deveriam virar “homens”, entre outros estereótipos classificados como certos. Esse pensamento retrogrado faz a sociedade só andar para trás.

Só a minoria luta contra os direitos, Mel Coelho, 30 anos, fotojornalista afirma com brilho nos olhos que protestar com as pessoas diferentes é algo único e bonito. “Estão unidas pelo mesmo ideal é como poder viver, ainda que por alguns instantes a grande utopia que a gente almeja sabe? De ver gente de tantas idades diferentes, gêneros, estilos, orientação sexual tudo junto e misturado. Eu me sinto mais forte por isso, acaba que passo a acreditar mais nas pessoas, num futuro melhor para as próximas gerações que estão para nascer”.

Mesmo com algumas ações sociais, é necessário que o Estado se sensibilize, pois, tal desinteresse influencia diretamente no comportamento da sociedade e consequentemente acabam sendo tratados com desrespeito, preconceito, violência e desigualdade, como nos casos apresentados nesse texto.

© 2023 by Name of Site. Proudly created with Wix.com

bottom of page