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Tenhamos pressa de não ter pressa pra arte

Gustavo Oyadomari

Já diria o ditado: a pressa é inimiga — da apreciação da arte. Mas não dos celulares. Quando escrevo isso, faço também uma autocrítica. Estamos sempre andando rapidamente nas ruas, descendo as escadas do metrô. Mas quando esperamos pelo trem, ele passa tão rápido após alguma olhadas no nosso feed do Facebook, não é mesmo?

Durante todo esse trajeto, quão comum é ignorarmos artistas de rua desconhecidos e independentes, grafites coloridos ou poemas nas paredes? Quanta beleza há nessas artes que deixamos de dar a devida importância? Nelas, certamente podemos encontrar algumas das respostas, inspirações e até o ponto de paz que precisamos.

Mas talvez estejamos imersos demais em um sistema individualista, que nos cobra apenas a competitividade, o trabalho e o estudo, para termos tempo de apreciar a arte. Afinal, ela pouco se encaixa nesse mundo — a menos que sirva para grandes empresas conseguirem isenção de impostos.

Muitas vezes, também, somos apreciadores de arte até o milésimo like no nosso Instagram. Postamos uma foto da arte completamente fora de contexto, sem a energia que a realidade traz, apenas para massagearmos nosso ego com curtidas e pensarem que somos cult, diferentões, merecedores do double tap no nosso insta.

Ignoremos o celular por míseros cinco minutos e aproveitemos, por exemplo, a poesia classicista do português Sá de Miranda na parede em frente ao pé da escada rolante. Experimente lê-la ao som de alguma cantiga popular. Os seus ouvidos, seus olhos e sua mente agradecem.

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