O paulistano não merece alguém como Haddad
Gustavo Oyadomari
É comum que as eleições mantenham a tendência a polarização entre os partidos PT e PSDB. Em 2016, no município de São Paulo, não foi diferente. Os candidatos mais votados foram o atual prefeito, Fernando Haddad, o homem da ciclovia, e João Dória, o administrador. Esse último foi eleito no primeiro turno, com mais de 50% dos votos.
É engraçado o abismo de um projeto para outro. Enquanto Haddad abriu a Paulista, fez ciclovias e reduziu a velocidade das vias, o homem do cashmereem formato de H prometeu privatizar tudo o que fosse possível, o aumento da velocidade das vias e se definiu como um gestor e não político.
Basta poucos minutos de reflexão para enxergar um ponto claro: a política adotada por Haddad, apesar de seus inúmeros erros, é inclusiva e plural, enquanto a do denominado João Trabalhador é egoísta e excludente, como é de se esperar de um neoliberal. E talvez seja por esse ponto que o afilhado político do desgovernador Geraldo Alckmin tenha sido eleito para um mandato de quatro anos a partir de 2017.
Fernando Haddad manteve políticas públicas de inclusão, como o passe livre para estudantes de baixa renda; a ciclovia para proteger a vida dos ciclistas; o programa “De Braços Abertos”, que recuperava viciados em crack; o programa Transcidadania, que busca a inclusão dessas mulheres no mercado de trabalho.
Já João Dória disse que vai acabar com a gratuidade nas passagens para congelar o preço das passagens; prometeu privatizar parques, o Estádio do Pacaembu e o Autódromo de Interlagos; disse que aumentará a velocidade das vias, mesmo que tenham sido apresentadas pesquisas que comprovam a queda no número de mortes no trânsito.
Fernando Haddad — apesar do PT — é um dos melhores prefeitos da história de São Paulo no que se trata das políticas públicas e programas sociais. Mas, pelo visto, o narcisismo paulistano é maior que o bem geral. O importante é ter mais um alckmista como o prefeito da cidade mais importante do país. O importante não é um projeto de cidade inclusivo, mas sim termos um local com CNPJ.
A eleição de João Dória é um tiro no próprio pé, ou seria loucura de quem vos escreve? Afinal, Geraldo nem foi/é tão ruim para o Estado de São Paulo, não é mesmo?
Paulistanos, nós não merecemos Fernando Haddad.